“O último a chegar é mulher do padre!”
Escrito em: 11/04/2017 19:37:06
por Dehdo Hubler
Se a gente vivesse com isso na cabeça, e repetisse com todo entusiasmo e veracidade da infância, seríamos pessoas muito melhores.
Ninguém se atrasaria para almoço, encontro ou entrevista de emprego. Ninguém estudaria pouco ou leria menos ou deixaria de sair com um amigo.
Faríamos tudo com a obstinação orgulhosa de não chegar por último, de não ser a mulher do padre, de não fracassar numa disputa súbita e divertida.
Não há, no mundo, alguém que corra mais do que a infância do “o último a chegar é mulher do padre!”.
Frases que tomam as ruas – e o mundo – como “Mais amor, por favor”, “Sorria. Você está sendo filmado”, “Ou soma, ou some”, nem de longe têm a força daquela frase repetida, quase que diariamente, por ordas de meninos e meninas de 10 anos de infância.
Era lindo, colorido e sincero o tempo do “o último a chegar é mulher do padre!”
Quem terminasse a tarefa por último era mulher do padre.
Então, a gente estudava mais.
Quem terminasse de comer por último era mulher do padre.
Sem desperdício, comíamos tudo que tinha no prato.
Quem chegasse por último era mulher do padre.
Vencíamos asmas, dores nos pés, medos de escuro para aprender que: os penúltimos são grandes campeões.
E não se engane: a infância do “o último a chegar é mulher do padre” era de respeito. Ninguém passava por cima de ninguém, afinal, o que importava não era ser o primeiro, mas sim não ser o último.
Enquanto o último, embora momentaneamente derrotado, sabia que, cedo ou tarde, alguém seria, também, o último.
Todos, em comunhão, foram “últimos” em alguma coisa, em algum momento.
Éramos, então, iguais.
Além disso, resistimos, bravamente, aos anseios descabidos da preguiça e aprendemos, ali, a grande metáfora da vida: é preciso correr para alcançar.
Hoje, ainda corremos. Buscamos, lutamos, fazemos de tudo para alcançar. Mas andamos cansados demais, fáceis demais, fracos demais. Talvez falte alguém, qualquer pessoa, para estufar o peito em meio ao nada e gritar sem vergonha do próprio eco: “O último a chegar é mulher do padre”.
Não falta mais.
[fonte: osegredo.com.br]
Sobre a autoria do artigo:
Dehdo Hubler
Aqui neste espaço escreve sobre espiritualidade, criatividade, mente humana e comportamento.
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